sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Hyundai i30
ATENÇÃO: os valores e itens de série citados nesta matéria são alusivos ao exemplar cedido pela Hyundai no início de 2009. O modelo que começou a ser vendido em junho possui diferenças de preços e itens oferecidos pela montadora (clique aqui e saiba mais).

Dos carros que a Hyundai vende para o nosso mercado, um é referência entre seus pares (o sedã de luxo Azera) e o outro era até agora há pouco (o jipinho Tucson, que é uma espécie de Chevrolet Captiva). Nada mau para uma empresa que não faz carros de passeio no Brasil, mas, de qualquer jeito, era a Hyundai tomando a sopa pelas beiradas. Agora, ao lançar o i30, ela mete a colher no mercado de hatches médios, onde o caldo é mais quente. Do antigo Ford Focus GL ao novo Focus Ghia, passando por nomes como Golf e Subaru Impreza, são dez rivais na faixa entre 45 000 e 70 000 reais. O i30 chega em versão 2.0 manual, de 54 000 reais, e essa 2.0 automática, por 58 000.

A estratégia que faz o sucesso do Azera se repete no i30: preço na média e conteúdo bem acima. Controle de estabilidade, seis airbags, sensor de estacionamento, retrovisores externos com rebatimento elétrico e interno com antiofuscamento, freios ABS com EBD... Fora o teto solar, tudo de série. São itens dignos de um Volvo C30, a preço de Astra hatch. Rechear de equipamentos costuma ser uma estratégia para injetar ânimo em carros veteranos, como a Fiat fez com o Stilo (que chegou aqui em 2002). Não é o caso.

O i30 foi apresentado em 2007, no Salão de Genebra, com a missão mudar a imagem da Hyundai. Lá, como aqui, a marca chama atenção pela generosidade com equipamentos e prazos de garantia. Desenhado no novo centro de design da marca, na Alemanha, o i30 quer atrair pelo desejo. Com 52 805 unidades registradas na Europa de janeiro a outubro de 2008, está longe do líder Golf (402 759) e perde até para seu irmão gêmeo, o Kia Cee’d (93 818). Não são números muito animadores, mas o fato é que vários dos adversários que o Hyundai enfrenta lá (Peugeot 308, novo Golf, Fiat Bravo, novo Mégane, Toyota Auris e Civic hatch) não chegaram ao defasado mercado brasileiro.


A lataria do i30 é puro BMW Série 1 e a grade em forma de “V”, continuado pelos vincos do capô, lembra o Polo. Lanternas traseiras e janelinhas laterais lembram o novo Fiesta europeu, mas tudo isso acaba soando original num mercado como o nosso, distante da Europa. Na rodovia dos Bandeirantes (que leva à pista de testes e ao rico interior de São Paulo, frequentada por carrões de todo tipo), o i30 chamou muita atenção. As rodas aro 17 (parecidas com as do Civic Si) são as que eu instalaria na oficina, se não viessem de fábrica. Os faróis são diferentes do que se vê e, aliás, iluminam bem à beça.

Dá gosto dirigir o i30 de noite. Os instrumentos impressionam, com ponteiros vermelhos, grafismos brancos e um halo azul-marinho que se repete nos visores de rádio, computador de bordo e arcondicionado digital. Pena faltar forração de couro no volante e na alavanca de câmbio porque, for a isso, nenhum carro médio brasileiro é tão caprichoso em acabamento. Até o carpete que vai no chão é bonito. Painel e portas são cobertos de espuma macia e o plástico do aplique grafite, no volante, é emborrachado. O CD player promete dias de música pura e sem repetição, com disqueteira para seis CDs de MP3 no painel, entrada auxiliar e tweeters. Ponha um subwoofer e a festa ficará completa.

O volante é pequeno e sempre mais pesado do que você costuma encontrar por aí. Não é tão cômodo na garagem do prédio, mas na estradinha vai que é uma delícia. O i30 não é um kart no asfalto liso nem um Cadillac em caminhos de terra, mas, graças à sua suspensão traseira multilink, encara bem qualquer situação. Talvez os donos de Impreza e do novo Focus tenham um carro melhor de curva que esse, mas nem eles terão certeza a ponto de se gabar disso. O motor 2.0 16V, igual ao do Tucson, acompanha o bom ritmo do rivais 307 e Golf, mas, diferentemente deles, não é flex. Com comando de válvulas variável em admissão, ele tem bom torque quando o motor está em giro baixo, disfarçando o fato de que o câmbio tem quatro marchas. Só quatro? É, só, e sem opção de trocas sequenciais. Em vez de reclamar, contudo, relaxe. Bom, bonito e barato, com cinco anos de garantia, o i30 tinha que ter algum defeito. Bom, pelo menos você já sabe qual é.
Volkswagen Fox 1.0
Repare bem nesse preço deste carro. Ele equivale à versão 1.0 do Volkswagen Fox quatro portas. E só. Para o carro ter, por exemplo, esses simpáticos piscas nos retrovisores, a fatura é paga à parte. Sem os opcionais, pode-se dizer que o Volkswagen sofre um apagão. Ele perde os piscas, as luzes de leitura dianteira e traseiras, a iluminação do porta-malas e também a do porta-luvas. Também não terá as luzes de cortesia nos para-sóis, nem os faróis e lanterna de neblina. O painel com display digital do computador de bordo – que também dá uma iluminada no interior – é outro opcional.

A lista de ausências é longa. Mas, ao menos, há direção hidráulica de série. Além do bom espaço interno, o compacto traz as qualidades dinâmicas de seus irmãos Polo e Gol, ou seja: há engates de marcha precisos e um trabalho impecável de suspensão. E, mesmo com o motor 1.0, de 76 cv, mostra mais agilidade do que se esperaria de tal. É elástico e ágil, dentro de sua proposta. E a cara de Polo europeu reacendeu as atenções na rua.

Seu grande defeito? Cobrar por qualquer adjetivo adicional. Se quisermos um Fox com o pacote Trend, como o das fotos, que oferece preparação para o som, farol de dupla parábola (até isso é opcional), luzes de cortesia nos espelhos retrovisores e revestimento mais aprimorado nos bancos, entre outros detalhes, pagamos mais 630 reais. E esse é só um dos 17 módulos ou kits de opcionais disponíveis para o carro.

As portas traseiras também são tratadas como opcionais e custam 1 870 reais adicionais, ao preço base de 30 490 reais. Completíssimo, com duplo airbag, freios ABS e até sensores de estacionamento integrados ao sistema de som, chega a incríveis 45 444 reais. Meio carro a mais, só de equipamentos – e pelo preço do hatch médio mais barato do nosso comparativo da página 46, com motor 2.0 de 140 cv e uma lista extensa (e mais completa) de equipamentos. E, mesmo básico, também não é tão barato: o Renault Sandero parte dos 29 930 reais, já com quatro portas, mais espaço e a mesma ausência de itens de série do Fox.